terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Para refletirmos - uma resposta à Mãe da Inês ...

Como educar para a felicidade


«Fazer dos filhos adultos felizes é o sonho de muitos pais. Mas quais são as prioridades? Aqui ficam alguns conselhos práticos sobre como contribuir para uma criança crescer feliz.

Todos os pais que se prezam querem fazer o melhor pelos filhos. O problema é que muitas vezes as prioridades baralham-se. Numa altura em que o tempo não sobra, escolher o que realmente importa na educação dos filhos pode ser complicado. Para facilitar a tarefa, a autora britânica Roni Jay condensou no livro "Pai, Quero Ser Feliz - As 10 Coisas Mais Importantes que Pode Fazer pelos Seus Filhos" tudo o que deve ser assegurado para que eles se tornem adultos o mais felizes possível.
Desde logo, escreve, é preciso incutir-lhes autoconfiança, o que se consegue estabelecendo fronteiras não alteráveis. É fundamental que as regras não mudem. Uma criança em plena birra está a testar os limites, não por querer que os pais recuem, mas para verificar que esses limites se mantêm no lugar. O facto de estarem lá é para ela "a única coisa sólida num mundo em mudança", razão pela qual Jay desaconselha cedências. "Os pais que querem mesmo dizer 'não' quando dizem 'não' têm, de facto, filhos que não forçam os limites", garante. Mas antes de negar qualquer coisa, deve fazer-se uma previsão rápida do desfecho provável. Se isso não for possível, o melhor é ganhar tempo dizendo: "Tenho de pensar nisso" ou "dá-me um minuto". Esta estratégia permite não apenas evitar recuos caso se tenha dito não, como também dá tempo para pensar sobre as condições acordadas antes do aval. Por exemplo: "Podes brincar na piscina insuflável desde que não faças fita quando chegar a altura de saíres, senão não vou buscá-la amanhã."

Para motivar crianças a mudarem de comportamento, os pais devem recompensar em vez de ameaçar. Concentrar os filhos no êxito, e não no fracasso, é mais eficaz. Tal como acontece com as recompensas e as ameaças, os elogios são sempre preferíveis às críticas. Muitas vezes, tudo o que os filhos precisam é que os pais reparem nas suas conquistas. Mas cuidado: é preciso elogiar com peso e medida. Não se deve dizer "Muito bem!" a tudo. Ou seja, aplaudir os feitos importantes não terá tanto significado se o alarido com as pequenas conquistas for demasiado grande.

Segundo a autora, as críticas também devem ser feitas, mas nunca em termos pessoais. É o comportamento que deve ser repreendido. Afirmar "é egoísmo não partilhar brinquedos" em vez de "és egoísta" pode fazer toda a diferença.

Com três filhos biológicos e três enteados, Roni Jay assegura que a vida de uma criança tem que ter magia e que esta é até fundamental para o seu desenvolvimento. Os filhos têm muito tempo para saberem que os gatos não voam e que a lua não está mesmo a olhar para elas. "A magia é a própria essência da infância", lembra. Até os filhos atingirem a idade adulta, os pais vão introduzindo devagar doses de realidade e obrigações, mas devem esforçar-se por manter viva a magia o mais possível. Mas para que uma criança sinta a magia, precisa de tempo, um bem escasso nos dias de hoje. Muitas delas são transportadas do ballet para o treino de futebol, das aulas de clarinete para o teatro. E, contudo, "nada é mais importante do que não fazer absolutamente nada". Por isso, aconselha que as crianças em idade de frequentar a escola primária não sejam inscritas em mais do que duas actividades extracurriculares semanais.

E para estimular a magia, nada melhor do que um espaço vazio. Quanto menos se fizer por elas, mais as mentes das crianças farão por si próprias e uma praia larga ou uma colina ampla são locais onde se pode encontrar magia a sério. Uma boa altura para proporcionar um momento mágico a uma criança é a hora de ir para a cama. Basta aconchegá-la e, no fim de uma boa história dizer-lhe algumas palavras mágicas para adormecer. "És a luz dos meus olhos, o tesouro do meu coração e o amor da minha vida. Dorme bem", são palavras que Roni aprecia. E porque não criar ambientes mágicos no quarto? Uma selva, um mundo subaquático, os aposentos de uma princesa...

Outro capítulo a que a autora, especializada na área do comportamento familiar, dedica várias páginas é o do valor do dinheiro. Jay explica a importância das mesadas, fala de receitas de juros, ajudas de custo, subsídios complementares e contas bancárias a sério. Aborda até a questão do trabalho na adolescência, explicando por que razão é bom que um jovem ganhe algum dinheiro antes de sair de casa.

Mas o livro não se fica por aqui. Os pais podem ainda conhecer as melhores formas de mostrar a diferença entre o que está certo e o que está errado; ensinar as crianças a formularem ideias e opiniões; ajudá-las a prepararem-se para o mundo lá fora; mostrar-lhes a importância de uma vida saudável; ou saber como devem lidar com mais do que um filho.

"Pai, Quero Ser Feliz" pretende que pais preocupados possam finalmente descontrair e contribuir sem culpa para a felicidade dos filhos.»


(Texto publicado na Revista Única da edição do Expresso de 31 de Outubro de 2009)

1 comentário:

Berta disse...

Muito obrigada!!!

Vou ler e estudar esse livro com toda a atenção.

Beijinhos.

Mãe da Inês